Critica Literaria
 
A Crítica da Razão Indolente - Vol. I   

A Crítica da Razão Indolente - Vol. I


Boaventura Sousa Santos

Capa mole. Edições Afrontamento 2000.
ISBN 9789723605242
Descrição da editora





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Embora a quebra na confiança epistemológica do paradigma dominante seja produzida por uma pluralidade de fatores, o grande avanço que o conhecimento científico possibilitou é, paradoxalmente, um fator significativo nessa ruptura.
Toda construção da ciência moderna tem sido baseada na idéia de que ela é o único modelo de conhecimento e toda e qualquer produção só faz sentido se esse modelo for o da racionalidade única, até por isso denominada científica. O determinismo mecanicista da ciência moderna, o qual rege a construção do conhecimento dentro do paradigma dominante, é cada vez mais inviabilizado através das inúmeras descobertas e teorias científicas dentro de áreas as mais diversas.
Basicamente, a noção de lei está sendo substituída pela de sistema e processo e, uma vez exterminada a idéia de lei, extingue-se, também, a idéia de causa, que se apresenta, hoje, apenas como uma forma de determinismo, o que lhe dá uma posição limitada no estágio atual do caminho científico.
Da mesma forma, sabe-se hoje que a metodologia que divide e quantifica, desqualifica; ao caracterizarmos e especializarmos os fenômenos, eles se caricaturizam e o que obtemos em forma de rigor, perdemos em qualidade, tornando os objetos de estudo estanques e incomunicáveis.
Talvez o momento epistemológico peça que a balança de nossas análises penda menos para Parmênides, onde a razão humana exige a imutabilidade do objeto ao qual se dirige e um pouco mais para Heráclito, cujo modelo de mundo centrava-se no eterno devir, em movimento e mudança – as coisas não são, tornam-se, pois, nesse devir perpétuo conciliam-se os contraditórios.
A ciência moderna, ao considerar apenas um único modelo cognitivo epistemológico como científico, isto é, digno de ser considerado confiável, realiza uma simplificação mutiladora do universo.
Dessa maneira, sendo um conhecimento que não compartilha com muitos outros saberes acerca da realidade, o conhecimento científico da modernidade é um conhecimento que “desencanta”, no dizer de Max Weber, e transforma a natureza em um autômato; que se mostra como autoritário, pois pressupõe uma única forma de conhecimento válido; que desumaniza, quando modifica a relação eu/tu em relação sujeito/objeto; que reduz o universo do observável ao panorama do só quantificável; que, enfim, dá-se ao direito de desprezar tudo o que considera irrelevante, não reconhecendo, assim, tudo o que não quer ou consegue conhecer.
Boaventura de Sousa Santos afirma que essa revolução que se evidencia está ocorrendo em uma sociedade ela própria já revolucionada pela ciência, o paradigma emergente não pode ser apenas um paradigma científico, como ocorreu no século XVI, mas, sobretudo, um paradigma social, mais preocupado com a qualidade de vida dos seres humanos.
Dessa forma, o conhecimento do paradigma que começa a se manifestar tende ao não-dualismo e à superação de distinções tais como a divisão sujeito/objeto, natureza/cultura, mente/matéria etc, e a distinção dicotômica entre ciências naturais e ciências sociais, que vem imperando nos caminhos para a construção dos saberes, deixa de existir, uma vez que esta separação origina-se em uma concepção mecanicista da natureza, contrapondo os conceitos de indivíduo e sociedade.
Uma outra característica marcante neste paradigma emergente é a de que todo conhecimento é total, ou seja, rejeita o modelo de fragmentação da ciência moderna, cujo rigor aumenta na proporção direta em que se divide o real. As mazelas dessa fragmentação do conhecimento são reconhecidas hoje quando, através da criação de novas disciplinas para resolver os problemas ocasionados pelas antigas, deparamo-nos com a reprodução desses mesmos problemas, sob outra forma.
O conhecimento moderno não é autoritário nem determinista, pois se constitui através de uma pluralidade metodológica. Não uma pluralidade indiscriminada, mas, sim, um conhecimento constituído a partir das condições de possibilidades baseadas na transdisciplinaridade. O ato do conhecimento e o sujeito que o produz são inseparáveis nessa nova racionalidade científica, onde a ciência assume uma forma íntima que não separa o objeto estudado daquele que o estuda.
Ao contrário da ciência moderna, o novo paradigma considera que necessitamos do senso comum, pois ele enriquece nossa relação com o mundo. É capaz de também produzir conhecimento, pois possui uma dimensão libertadora que pode ser ampliada através do diálogo com o conhecimento científico.
Esta concepção alternativa do senso comum visa demonstrar sua contribuição para o constructo de uma nova racionalidade, onde se pretende um senso comum esclarecido pela ciência e uma ciência prudente, transformada pela praticidade do senso comum, ou melhor dizendo, uma nova configuração para o saber.
(A Crítica da Razão Indolente)





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